FAZER DOCUMENTÁRIOS É UMA MANEIRA DE SE RELACIONAR COM O MUNDO
FAZER DOCUMENTÁRIOS É UMA MANEIRA DE SE RELACIONAR COM O MUNDO
Fonte http://www.telabr.com.br/
 O impulso de pegar um caderninho, uma máquina  fotográfica ou uma câmera e sair por aí, produzindo algum testemunho  sobre fatos e sentimentos, é um dos impulsos básicos que movem o  documentarista. Esse impulso está relacionado ao desejo de produzir um  documento, à vontade de retratar um acontecimento importante e dividi-lo  com outras pessoas.
Com a crescente difusão das ferramentas de realização audiovisual (é  cada vez mais fácil ter acesso a câmeras, que, atualmente, estão  embutidas até em telefones), é possível, para muita gente, seguir esse  impulso. Diante de qualquer acontecimento importante, basta sacar uma  digital do bolso e começar a gravar. Essa facilidade, no entanto, é  aparente, pois fazer um documentário exige uma série de reflexões que  estão muito além do simples ato de gravar algum evento ou depoimento.
A primeira reflexão importante que se apresenta é: por que, afinal de  contas, esse acontecimento a ser documentado é importante? Quais são  suas implicações para a vida da pessoa que registra? Quais são suas  implicações para a sociedade? Quais são suas implicações para as pessoas  que são objeto desse registro? Por que é interessante realizar um  documentário sobre esse assunto? Essas reflexões estão relacionadas ao  TEMA que será abordado no filme.
Depois, vem a reflexão sobre a FORMA: de que maneira esse assunto será  abordado? Se o tema já foi explorado por outros documentaristas, o que  se pode oferecer de diferente na maneira de tratar o assunto? Como  construir uma narrativa original, que tenha relação direta com a  temática abordada e que não caia no lugar-comum da forma documental?
Por fim, apresenta-se a reflexão sobre o próprio DOCUMENTARISTA, que  deve se perguntar: por que eu escolhi tratar desse assunto? O que me  atrai nesse tema? O que eu tenho como referências, como crenças, como  cultura, como sensibilidade para colocar no meu trabalho? Quais são as  minhas conclusões sobre o que estou documentando? Que postura vou  assumir para documentar? O que é que só eu posso oferecer enquanto forma  e abordagem para o meu filme? Eu estou sendo ético nessa abordagem?
Esses três tópicos de reflexão não são assim tão exatos, claro. Eles se  relacionam e dialogam entre si. Aprofundar-se numa dessas questões é  aprofundar-se, de certa forma, nas outras duas questões.
Por isso, fazer documentário é um ato de pensar sobre as coisas. É um  ato de comunicar-se com outras pessoas. É um ato de refletir sobre si  mesmo. É uma forma de se relacionar com o mundo.       
Texto: Henry Grazinoli
Consultoria de Conteúdo: João Moreira Salles 
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