segunda-feira, 26 de julho de 2010

O DOCUMENTÁRIO COMO CINEMA

O DOCUMENTÁRIO COMO CINEMA

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Estamos acostumados a relacionar o documentário com as reportagens jornalísticas a que assistimos na TV. O documentário, enquanto obra cinematográfica, não é tão difundido. Isso empobrece bastante o universo de referências de quem quer ser documentarista; afinal, um filme documental, enquanto linguagem, pode ir (costuma ir) muito mais longe do que uma simples matéria de telejornal ou do que um programa do Discovery Channel.

A tradição do documentário no cinema é riquíssima. Ele oferece, para os cineastas, um imenso potencial para a experimentação de linguagem. Sob a ótica da produção, por exemplo, um documentário é muito mais simples do que um filme de ficção. A equipe costuma ser menor. Não há tanta gente envolvida. Não há grande preocupação com maquiagens, figurinos e cenários. Não há um roteiro a ser seguido à risca. Não são utilizados tantos equipamentos. Não é investido tanto dinheiro na realização.
Esses fatores oferecem ao documentarista uma grande mobilidade, mais liberdade e maiores possibilidades de arriscar.

Isso gerou, na história do cinema, obras-primas que experimentaram e transformaram para sempre a linguagem audiovisual. Importante: a originalidade dos grandes documentários está mais relacionada à forma de tratar um tema do que ao próprio tema.

Estamos habituados a uma forma "batida" de documentário, que resume o filme aos seguintes elementos: alguns depoimentos, uma trilha sonora, uma narração em
OFF que dá informações e imagens que simplesmente ilustram o que o narrador está dizendo.

Passar informações de maneira clara e direta é uma atribuição do jornalismo. O documentário cinematográfico está mais para o cinema do que para o jornalismo: busca inserir o espectador no universo do filme e acessar, acima de tudo, a emoção. Busca comunicar muito mais pela sensibilidade do que por informações factuais.

Existe o documentário jornalístico. E é claro que não se pode condenar ou subestimar esse formato. Ele é válido e pode ser bastante interessante. Mas, sob a ótica do cinema, o documentarista é um criador em busca da forma mais original, imaginativa e sincera para abordar um tema.

Texto: Henry Grazinoli
Consultoria de Conteúdo: João Moreira Salles

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